MPC-MG prestigia estreia do Sempre um Papo – TCE Cultural com o escritor moçambicano Mia Couto
Publicação em 21 de outubro de 2025

Nesta segunda-feira, 20, a Procuradora Cristina Andrade Melo, também 1ª Tesoureira da Associação Nacional do Ministério Público de Contas (Ampcon), representou o Ministério Público de Contas do Estado de Minas Gerais na estreia do projeto Sempre um Papo – TCE Cultural, realizado pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais e pela Associação Sempre um Papo.

Às vésperas de completar 40 anos, o Sempre um Papo estreia este novo ciclo em parceria com o TCE-MG com o escritor moçambicano Mia Couto, que acaba de lançar o livro “O Rio Infinito” (Companhia das Letras). Com mediação da jornalista e escritora Leila Ferreira, ele falou sobre o tema “Água, Solo e Gente”.

Auditório Vivaldi Moreira recebe Sempre um Papo – TCE Cultural com casa cheia. Foto: Daniele Fernandes | TCE-MG

AUTORIDADES E CONVIDADOS

Na plateia, além de Cristina Andrade Melo, marcaram presença:

  • o Conselheiro Corregedor, Gilberto Diniz;
  • os Conselheiros em exercício Telmo Passareli e Licurgo Mourão;
  • o Desembargador Leopoldo Mameleque, representando o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG), Desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Júnior;
  • a Desembargadora do Tribunal Regional Federal da 6ª região (TRF-6) Mônica Sifuentes.

* Entre os nomes do meio cultural e educacional, destaque para o psicólogo e escritor Alexandre Coimbra e para a professora aposentada da UFMG Maria Antonieta Cunha.

Licurgo Mourão, Telmo Passareli e Cristina Andrade Melo. Foto: Daniele Fernandes | TCEMG
O público presente. Na primeira fileira à direita, o Conselheiro Presidente, Durval Ângelo, e o Conselheiro Corregedor, Gilberto Diniz. Foto: Daniele Fernandes | TCEMG

ABERTURA

Afonso Borges e Durval Ângelo durante discurso de abertura. Foto: Daniele Fernandes | TCEMG

Idealizador do Sempre um Papo, Afonso Borges agradeceu aos presentes e ressaltou que a literatura pode ser uma chave para traduzir e debater políticas públicas. Os temas do TCE, em sua visão, podem ganhar outra dimensão quando mediados pela arte da palavra e pela escuta pública.

Na sequência, Durval Ângelo enfatizou que a parceria com o projeto visa induzir, enquanto órgão de controle, a política da cultura. Em suas palavras,

“A cultura é a alma da gente, é fundamental para a sobrevivência de um povo. Representa liberdade, a efetivação de direitos humanos. Nesse sentido, ‘O Rio Infinito’ é tanto um poema de amor pela natureza, de busca de perspectivas para a vida, quanto uma denúncia.”

O PAPO

Diante de um Auditório Vivaldi Moreira lotado, o escritor compartilhou memórias e realidades de Moçambique, das dificuldades vividas pela família e da resistência de seu povo. Contou que cresceu cercado por livros, música e arte, num lar onde a troca literária era cotidiana. Essa convivência, segundo ele, o levou naturalmente à poesia de Manuel Bandeira, às canções de Dorival Caymmi e a tantos outros artistas brasileiros que hoje fazem parte de sua correnteza afetiva. Ao falar sobre o fato de natureza não ter uma palavra específica para designá-la na cultura africana, refletiu:

“Esse céu que nós temos, desta cor, azul, é por causa das plantas. Não era assim antes. A possibilidade de respirar o ar que nós temos é por causa delas. Essa capacidade de que somos animais e somos capacidade de sobreviver é porque há plantas. Elas realmente são a grande raiz, o grande sustento. Elas são o centro da vida. É preciso devolver esse lugar de respeito e de reconhecimento. Nós somos absolutamente dispensáveis. Se as árvores e as plantas não estivessem aqui, não estaríamos aqui.”

Leila Ferreira e Mia Couto. Foto: Daniele Fernandes | TCEMG

Ao final, o público participou de uma concorrida sessão de autógrafos. A Procuradora Cristina Andrade Melo não ficou de fora.

Cristina Andrade Melo e Mia Couto. Foto: Daniele Fernandes | TCEMG

SOBRE O PROJETO

O Sempre um Papo – TCE Cultural é realizado pelo TCEMG e pela Associação Sempre um Papo, em parceria com a Copasa. O projeto inaugura um modelo de diálogo público no país, transformando temas da fiscalização e do controle em debates culturais acessíveis, mediados pela literatura, pela arte e pela escuta cidadã. O objetivo é aproximar o conhecimento técnico da sensibilidade artística, fortalecendo os vínculos entre gestão pública e sociedade, e reafirmando o papel do controle externo como instrumento de educação, reflexão e participação social.

QUEM É MIA COUTO?

António Emílio Leite Couto nasceu em 1955, em Beira, Moçambique, e vive em Maputo, onde também atua como biólogo e ambientalista. Um dos mais importantes escritores de língua portuguesa, é conhecido por unir poesia, imaginação e reflexão sobre a história e a identidade africanas. Sua escrita reinventa o português com ritmo e neologismos que tornaram sua obra reconhecida mundialmente. Autor de livros como “Terra Sonâmbula”, “O Último Voo do Flamingo”, “Jesusalém”, “A Confissão da Leoa” e “O Bebedor de Horizontes”, recebeu o Prêmio Camões (2013) e o Neustadt (2014). Seu mais recente romance adulto é “A Cegueira do Rio” (2024), narrativa que retoma o universo moçambicano com olhar lírico e político sobre memória, perda e reconstrução. Já no campo infantojuvenil, acaba de publicar “O Rio Infinito” (Companhia das Letras, 2025), uma fábula sobre esperança, natureza e o poder das histórias.

Assista à íntegra do bate-papo aqui.

PRÓXIMOS ENCONTROS

Dia 28/10, às 19h30 – Itamar Vieira Junior – Coração sem Medo

  • Tema: Cuidar da Terra, Garantir Direitos
  • Mediação: Semayat Oliveira

Dia 4/11, às 19h30 – Conceição Evaristo – Canção para Ninar Menino Grande

  • Tema: Educação, Afeto e Escola
  • Mediação: Afonso Borges

Dia 10/12, às 19h30 – Aílton Krenak – O Encenador e a Floresta (livro póstumo de João das Neves)

  • Tema: Justiça Climática e Territórios em Transição
  • Mediação: Afonso Borges